segunda-feira, março 23, 2009

Perfil do Empresário

Antônio Paulino de Sousa, ou Antônio do ônibus, como é bastante conhecido, é o destaque do Perfil do Empresário. Ele nasceu na comunidade de Arapá, município de Tianguá, no Ceará, no dia 15 de setembro de 1964. Seus pais eram Raimundo Paulino de Sousa e Maria Lira de Sousa. Seu pai foi casado duas vezes, o que fez com que tivesse um grande número de filhos, dezoito ao todo. Antônio é casado com Soliene da Silva Sousa (irmã do médico Nélio Aguiar), com quem tem três filhos, Anderson, Arlison e André.
JC – É verdade que você saiu de casa muito novo?
Antônio – Eu saí de casa com 12 anos de idade. Deixei meus pais com o pensamento de um dia conseguir ter uma vida melhor do que aquela, que era muito difícil. Com aquela pouca idade eu fui para a cidade de Frecheirinha. Chegando cheguei lá, fui trabalhar com um senhor por nome Adauto Pontes, dono de uma agência de venda de passagens de ônibus interurbanos e interestaduais. Trabalhei em torno de dois anos naquela empresa.
Quando eu ainda estava no primeiro emprego, conheci um senhor de nome Chico Luis, dono da Empresa Frecheirinha Ltda. Ele me perguntou se eu aceitaria ser cobrador de ônibus. Eu não pensei duas vezes, aceitando a vaga de imediato. Pedi a conta do emprego onde estava e fui trabalhar como cobrador de ônibus. Por cinco anos eu trabalhei com o seu Chico Luis, até vir para Itaituba.
JC – Como se deu sua vinda para Itaituba e em que ano isso aconteceu?
Antônio – Na verdade em sempre tive vontade de vir para Itaituba e durante o tempo em que eu trabalhei na empresa de ônibus do seu Chico Luis eu conheci muita gente que morava no Araticum, em Frecheirinha, que tinha se mudado para cá. Essas pessoas iam passear no Ceará e eu notava que elas tinham sido bem sucedidas, pois iam cheias da grana. Aquilo despertou minha vontade de vir para Itaituba. Nesse tempo eu conheci o senhor Raimundo Alexandre, sogro do Vivaldinho, um cearense que já morava há bastante tempo em Itaituba.
Seu Raimundo Alexandre me propôs vir trabalhar com ele, aqui. Perguntou se eu aceitava e eu não pensei duas vezes. Aceitei e cuidei de pedir a conta da empresa onde estava trabalhando. O seu Chico Luis me disse: “eu já sei para onde tu vais; estás indo para Itaituba”. Ele não queria que eu saísse, mas eu estava decidido. Então, ele me perguntou com que dinheiro eu iria viajar, pois não tinha carteira assinada e não haveria, como não houve rescisão de contrato. Eu respondi que não tinha nada e pedi para ele ver o que poderia fazer para me ajudar. Perguntou o que eu tinha e comprou todo o meu patrimônio daquele momento, que se resumia a uma rede, um ventilador e um fogão de duas bocas. Foi com aquele dinheiro que eu paguei a passagem (de avião) para Itaituba. Isso aconteceu em abril de 1984, quando eu tinha 19 anos de idade. Fui morar na casa do seu Raimundo Alexandre.
JC – Como foi a adaptação a Itaituba?
Antônio – Foi rápida. Trabalhei um tempo com o seu Raimundo Alexandre, na Casa R. Aguiar, na travessa Lauro Sodré, perto do Porto da Balsa. Como acontece com quase todo cearense, que sonha um dia voltar para sua terra natal, seu Raimundo resolveu voltar para lá. Ele perguntou se eu aceitaria ficar de sócio com ele no comércio. Eu, que sonhava em ter alguma coisa na vida, aceitei o convite. Algum tempo depois eu comprei a parte dele e continuei o negócio. Maia tarde a Casa R. Aguiar mudou para Armazém Real.
JC – Houve outros empreendimentos?
Antônio – Eu comprei um mercantil na Cidade Alta, na 18ª Rua com a travessa João Pessoa, que era do senhor Zequinha da Farmácia, acho que no ano de 1995, o qual eu mudei mais tarde para o meio do próximo quarteirão, na mesma travessa.

JC – Até que ano você ficou com esses dois negócios?
Antônio – Até o ano de 2003, quando eu decidi ficar somente com o mercantil. Eu tomei a decisão, juntamente com minha esposa, de ficar somente com o mercantil e creio que tomamos a decisão correta na ocasião.
JC – Agora você deu uma guinada e tanto, trocando de ramo de atividade, deixando o mercantil, para trabalhar com confecções e calçados. Como foi isso?
Antônio – A gente começou com uma sessão desse novo ramo, ainda dentro do mercantil. Minha esposa Soliene, conversando comigo, disse que era bom a gente iniciar aquele experiência. Ela, que é uma pessoal muito especial para mim, que tem ótima visão de negócios, estava certa. Começamos a gostar daquilo e eu senti que estávamos tendo melhores resultados. Fomos aumentando até que decidimos mudar totalmente de ramo. No dia 17 de outubro de 2008 inauguramos a Pontual Modas. Essa mudança está nos deixando muito felizes.
JC – Como surgiu o apelido de Antônio do ônibus?
Antônio – Isso ainda é por conta do tempo em que eu trabalhei na agência da venda de passagens e como cobrador de ônibus, lá em Frecheirinha. Eu nunca fui dono de ônibus na minha vida. Por causa disso, já aconteceram até alguns episódios interessantes. Uma vez eu fui procurado no meu comércio por um cearense, que me perguntou quanto eu cobraria para alugar meu ônibus para levar um time de conterrâneos para jogar na Caima. Eu disse a ele que de ônibus eu só tinha o apelido, pois não era proprietário de nenhum veículo daquele tipo.
JC – Você pensa em deixar Itaituba algum dia?
Antônio – De jeito nenhum! Sinto-me como se fosse filho daqui. Meus filhos nasceram aqui. Não penso em sair daqui, por nada.

*** No JC que circulará amanhã

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