Foto: Jota Parente |
O
Seminário Público marcado para começar às 14:30 no auditório do IFPA, teve um
atraso de aproximadamente 30 minutos.
Obviamente,
por ser a sede do seminário, a maioria das pessoas era de Itaituba, mas, representantes
de outros municípios que serão afetados pelo completo Tapajós estiveram
presentes, como de Jacareacanga, Rurópolis e Trairão.
Depois
de composta a mesa, Sidney Lago, superintendente de Geração da Eletrobras, que
esteve no comando dos trabalhos, começou dizendo que quando os estudos foram
iniciados em 2009, não havia exigência de fazer a Análise Ambiental Integral.
Falou que haveria um prazo de 15 dias para contribuições que deveriam ser
encaminhadas por e-mail. E afirmou que se fosse preciso seria realizando outro
seminário.
Foto: Jota Parente |
Foto: Jota Parente |
O
advogado José Antunes, representando a subsecção da OAB Itaituba lembrou que o
projeto da BR 163 Sustentável não cumpriu nada do que foi prometido. Também
falou do engessamento da região a partir de 2006, quando o governo federal
criou uma série de unidades de conservação.
Entre
todos os integrantes da mesa, o discurso mais contundente foi do prefeito de
Trairão, Danilo Miranda. “Não vamos apenas olhando a bagunça que a construção
das hidrelétricas vai deixar nos nossos municípios para levar energia para o
Sul e para o Sudeste. Não temos dinheiro para reformar os nossos hospitais, não
temos dinheiro para construir novas escolas. Não podemos nos contentar em ver
outros estados enriquecerem com a energia do Pará, sem recebermos o que
merecemos”.
Danilo
foi muito aplaudido pela plateia.
Depois
disso, de quatro até depois de cinco da tarde um técnico apresentou o sumário
do estudo. Foi preciso muita paciência para aguentar até o final, pois havia
muitas informações técnicas que enfadaram a plateia. Mas, fazia parte do ritual
da Eletrobras de tentar vencer pelo cansaço.
Esse
esforço deles para tentar cansar a plateia foi notado por muita gente. Era jogo
ensaiado. Até o ar condicionado não deu conta, e teve quem dissesse que foi de
propósito, isentando-se qualquer tipo de culpa da direção do IFPA, que apenas
cedeu o espaço.
Parada para o coffee
break
Após
a apresentação técnica houve a parada para o coffee break.
Foto: Davi Menezes |
Falando
pela Eletrobras, Sidney Lago tentou impor uma condição que foi rechaçada desde
o começo do seminário: prazo de 15 dias para enviar sugestões, e somente por
e-mail.
As
pessoas presentes manifestaram-se de forma veemente, não aceitando a imposição
sobre hipótese nenhuma.
Não
houve jeito. A comunidade itaitubense e tapajônica teve que ser ouvido, e o
governo federal viu e ouviu o que não gostaria.
No
geral, as pessoas que pronunciaram muito bem, tudo mundo indo direto ao assunto
e mostrando posição firme.
Quando
a professora-doutora Liz Carmen, o pessoal da empresa Ecology, responsável pela
produção do estudo e Sidney Lago ficaram surpresos com o conhecimento que ela
demonstrou a respeito do assunto.
Foram
muito consistentes a falas de integrantes do movimento SOMOS TODOS ITAITUBA,
Jubal Cabral, Fabrício Schuber, Antonieta Lima, Armando Miqueiro, Patrick
Sousa, Davi Menezes e Nayá Fonseca. Cada um falou sobre um tópico.
O
representante da vila de Pimental arrancou aplausos por suas palavras, pois,
dirigindo aos membros da empresa Ecology e a Sidney Lago, da Eletrobras disse
que eles tem um frízer em casa para guardar comida; já o frízer dele era o Rio
Tapajós. Enquanto eles vão ao supermercado fazer compras, o pessoal de sua vila
tem que buscar seus mantimentos na roça.
Foto: Patrick Sousa |
No
final, depois do clima ter ficado muito tenso, após a plateia deixar claro que
não aceitaria o prazo imposto de apenas 15 dias para apresentar sugestões,
e mais ainda, que não concordava de
jeito nenhum com a imposição de que as proposições fossem todas encaminhadas
por e-mail, ficou definido que isso poderá ser feito por escrito, e que dentro
de 30 dias haverá um novo seminário para fechar essa questão do estudo.
Armando passou mal
Foto: Jota Parente - Armando, na saída do hospital, com a esposa Mair e os amigos Antonieta Lima e Felipe Melo |
Armando,
que recentemente teve problemas cardíacos, sofreu um desmaio, tendo sido
socorrido no local por bombeiros que estavam de plantão para atender situações
emergência.
Depois
dos primeiros socorros ele foi encaminhado para o Hospital D. Bosco, onde foi
atendido minutos depois pelo médico Manoel Diniz, que o liberou pouco depois
das nove da noite.
O que eles disseram
no avião
O
pessoal do governo viajou ontem para Itaituba, no mesmo voo em que vinha a
professora Antonieta, que ocupou um assento próximo de alguns deles.
Lá
pelas tantas, um deles começou a falar sobre o seminário público desta terça,
sem fazer a menor ideia que estava perto de uma itaitubense.
“Olha,
a gente vai fazer o cacete amanhã em Itaituba. Já sabemos quem são os líderes
desse movimento; vamos conservar com os cabeças e com certeza a gente vai
desarmar isso”.
Hoje,
terça, de manhã, ela comunicou o que ouviu, a alguns membros do movimento, em
uma reunião preparatória para o seminário.
Ou
seja, eles vieram achando que seria uma barbada, e que Itaituba e os outros
municípios engoliriam tudo que eles falassem, sem resistência.
Primeira vitória
A
comunidade itaitubense e as representações dos demais municípios que estiveram
hoje no IFPA conseguiram a primeira vitória nessa luta de piaba contra tubarão.
O
governo preparou-se para enfiar, goela abaixo, esse estudo intitulado de
Avaliação Ambiental Integrada, fazendo crer a todos, que se trata de um estudo
que tem apenas valor consultivo.
O
que o governo federal não esperava era encontrar um povo motivado para defender
os seus interesses, sem que seja preciso posicionar-se frontalmente contra
esses projetos, por entender quer essas usinas são projetos irreversíveis.
Então, em vez de ficar remando contra a maré, gastando seu tempo com uma briga
que parece não ter fim, Itaituba e outros municípios do Sudoeste paraense
querem mostrar ao governo que sabem que os impactos que sofrerão serão imensos.
E se não se cuidarem, ficaram apenas com o passivo.
Mostramos
que estamos aqui, querendo conversar, mas, que não somos os idiotas que nos
pintaram.
A
comunidade saiu fortalecida desse primeiro embate, pronta para o que der e vier
pela frente. Vai depender, daqui para frente, do modo como o governo federal
vai se comportar nesse processo. Se vier para conversar, a gente conversa. Mas,
se quiser briga, vai ter briga. Esse foi o recado mais do que claro, que ficou
na tarde de hoje. Saímos de seminário, muito mais fortes do que entramos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário