Por razões distintas, tem sido de uma
grandiosidade impressionante, o cardápio de problemas que a prefeita Eliene
Nunes tem enfrentado desde que assumiu o cargo. Há uma boa parte de
dificuldades criadas por decisões equivocadas tomadas nos primeiros instantes
de seu governo, como a nomeação de uma equipe na qual se contam nos dedos de
uma mão aqueles que mais ajudam do que atrapalham. Existem problemas que fogem
ao controle dela, os quais fazem eco por todo o Brasil, como é o caso da
prolongada queda nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Tenho conversado com pessoas ligadas ao
governo, além de outras que a apoiaram abertamente na campanha, por que não
estavam satisfeitas com o governo do ex-prefeito Valmir Climaco. Esse pessoal,
parte acredita que essa turbulência vai passar e aposta na recuperação da atual
gestora. Porém, tem gente que já jogou a toalha, porque não tem mais esperança,
mesmo decorrido menos de um ano e meio de administração.
O sistema viário da cidade chegou a tal
ponto, que muitas ruas assemelham-se mais a uma vicinal abandonada, do que uma
via pública de uma urbe. E embora seja verdade que quando Eliene assumiu, a
cidade não estava nenhuma maravilha, também é verdade que sua gestão nada fez
para evitar que as poucas ruas por onde se trafegava com algum conforto fossem
tomadas por buracos sem fim, além das que já estavam ruins, que só foram piorando.
Certa vez, um governador filiado ao
PMDB, perguntou ao grande Ulisses Guimarães, que conselho ele daria para
resolver uma situação que para o mandatário era muito complicada. Ele havia
nomeado um secretário atendendo ao pedido de um patrocinador de campanha.
Entretanto, o cara não deu conta do recado e estava lhe causando muita dor de
cabeça. Mas, o governador não tinha coragem de demitir o apadrinhado do
financiador de campanha. “Meu filho, nunca coloque ninguém em cargo algum do
seu governo, que você não possa demitir”.
Parece que Eliene nunca leu esse
conselho daquele que foi um grande mestre da política brasileira, porque chovem
reclamações e protestos contra alguns dos seus secretários. Isso inclui a
saraivada de críticas de vereadores da base aliada, que vira e mexe usam a
tribuna da Câmara Municipal para bradar contra o que chamam de falta de
respeito para com os que lhe dão suporte político no parlamento municipal. E a
maiores críticas são, exatamente, contra a secretaria de Infraestrutura, cujo
titular é o senhor Júlio Leal, seu esposo.
Nos últimos dias houve muitos boatos a
respeito da saída dele dessa pasta, chegando até a ser citado o nome de um
provável substituto, mas, pelo visto, ela está na mesma sinuca daquele
governador que procurou o Dr. Ulisses, conquanto parece que não tem encontrado
forças para fazer mudanças, nem na Seminfra, nem tampouco em outras
secretarias, o que se acontecesse seria uma tentativa de dar uma sacudida no
time, pois as mexidas feitas ano passado não mudaram muita coisa, uma vez que o
desgaste político da prefeita continuou. Sua popularidade tem descido a
ladeira, sempre.
A diminuição dos recursos que o
município recebe para bancar sua folha de pagamento, para honrar compromissos
com fornecedores e para investir em obras é um problema real com o qual a
prefeita Eliene Nunes tem se deparado, não sendo exclusividade dela. Os baixos
índices de crescimento do Brasil tem provocado uma crise que ameaça tornar-se
crônica, afetando todos os municípios do País. Só acho que a prefeita demorou
muito a dizer isso para a população. Quanto mais rápido ela tivesse comunicado,
menor seria o seu desgaste político.
Quinta-feira, 22/05, com o sorriso que
sempre lhe acompanha, Eliene reuniu a imprensa de Itaituba para conceder uma entrevista
coletiva, na qual respondeu a todas as perguntas, passando desde o corte nos
salários dela própria, do vice e dos secretários, até questão do aterro
sanitário e a chamada de concursados. Ela disse que a Prefeitura tem que
economizar ao menos 10%. Isso vale para todas as secretariais. Com a
cordialidade costumeira, ela abraçou cada um dos repórteres e cinegrafistas. Mesmo
os que costumam fazer críticas ao seu governo, como é o meu caso, tanto no
Jornal do Comércio, quanto no blog, e até Júnior Ribeiro, que tem sido o
crítico mais mordaz de seu governo mereceu um abraço apertado. Nisso ela segue
bem a lição de seu mentor político, Roselito Soares.
O que mais preocupa a gente é não ver
iniciativas da prefeita que deem esperanças de uma mudança para melhor nos
rumos do seu governo. O tempo vai passando, e nada de decisões arrojadas e na
direção certa. O que tem sido sempre ruim, tem piorado continuamente. E se não
acontecer uma virada até o final do período eleitoral, quando o governo do
Estado e o governo federal ficam sempre muito generosos, depois disso vai ficar
muito difícil isso acontecer.
Artigo de Jota Parente, na edição 180 do Jornal do Comércio
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