terça-feira, outubro 21, 2014

Quem ganhou e quem perdeu em Itaituba

              Quem ganhou e quem perdeu em Itaituba nessa eleição? Até que ponto o resultado da eleição de 5 de outubro passado vai ter influência na disputa municipal de 2016? As juras de compromisso para o pleito que vai acontecer daqui a dois anos serão cumpridas, ou os interesses individuais falarão mais alto, como costuma acontecer?
            Entre todas, a única pergunta cuja resposta está ao alcance da vista é a primeira, pois isso está tão claro como um dia de verão. Os grandes vencedores, em nível local, foram o deputado Hilton Aguiar e o ex-prefeito Valmir Climaco. Chapadinha, que teve uma grande votação para deputado federal, não é de Itaituba, embora a partir de agora, no exercício do mandato deva fincar os pés por aqui.
            Em situações bem diferentes, os grandes derrotados foram a prefeita Eliene Nunes e o deputado federal Dudimar Paxiúba. A diferença fundamental entre os dois reside no fato de Eliene ser a chefe do Poder Executivo, o que lhe dá enormes possibilidades de amealhar votos para seus candidatos pelos diversos meios que o cargo lhe oferece. Quanto ao deputado federal Dudimar Paxiúba, ele conduziu uma campanha modesta, além de não ter conseguido
se destacar como um deputado realmente da região Oeste do Pará. O resultado foi o malogro de sua tentativa de renovar o mandato, obtendo uma votação muito aquém da esperada.
            A segunda pergunta, até que ponto o resultado da eleição de 5 de outubro passado vai ter influência na disputa municipal de 2016 é mais complicada. Não há como responder com segurança. O máximo que se pode fazer é um exercício de futurologia. Como isso é algo comum na atividade política, assim como no esporte, vamos conjecturar.
            Suponha-se que a aliança entre o deputado Hilton Aguiar, agora com o reforço do deputado federal eleito Chapinha, e o ex-prefeito Valmir Climaco seja mantida até a eleição de 2016. Se isso acontecer, esse grupo chegará muito, mas, muito forte para disputar a prefeitura de Itaituba. Hoje, o candidato natural seria Valmir. E deverá ser, se não houver nenhum impedimento legal.
            Inegavelmente, Hilton saiu muito fortalecido da eleição. Não estaria ele pensando em voo próprio? Se passar isso por sua cabeça, e se ele levar a ideia adiante, a consequência imediata disso será um rompimento da aliança que só não deu certo em 2012 porque Valmir não se elegeu; mas cada caso é um caso e o que valeu para 2012 pode não valer para 2016.
            No que diz respeito à prefeita Eliene Nunes, não pode haver rompimento em curto ou médio prazo, porque hoje ela não comanda um grupo político, uma vez que a relação que ela mantém com os vereadores de sua base na Câmara se dá muito mais por conveniência dos dois lados, do que por qualquer outro motivo. Eliene não manteve o grupo que a elegeu e não teve jogo de cintura para formar um novo grupo. Além do mais, ela precisa encontrar seu norte político, para tentar melhorar sua imagem que continua muito desgastada.
            A terceira pergunta, as juras de compromisso para o pleito que vai acontecer daqui a dois anos serão cumpridas, ou os interesses individuais falarão mais alto, como costuma acontecer, já foi parcialmente respondida, mas, cabem alguns adendos, pois, quem é que pode garantir que a eleição de 2016 vai ter apenas esses nomes citados? Existem especulações sobre alguns nomes de jovens que estariam determinados a enfrentar o desafio de disputar a prefeitura de Itaituba. Isso poderá dar um molho especial à eleição.
            Tudo isso independe do resultado do segundo turno, pois governador do estado interfere muito pouco na decisão do eleitor, quando se trata de eleição municipal. Ainda mais em se tratando de Itaituba, que fica a uma distância de 890 km da capital do estado, sempre esquecida. Simão Jatene, por exemplo, nesse atual governo, visitou Itaituba uma única vez, e ainda durante a campanha eleitoral.
            Uma coisa é certa: quando terminarem as comemorações após o segundo turno da eleição para governador e para presidente, começarão inevitavelmente as conversas a respeito da eleição municipal que acontecerá dentro de dois anos.

Muitas das coisas que são verdades absolutas no cenário político atual poderão estar mudadas, pois a política é uma atividade dinâmica. Nós, humildes mortais, teremos que tocar a nossa vida no dia a dia, enquanto os políticos continuarão a comandar os nossos destinos, sem que na maioria das vezes saibamos o que, e como estão fazendo. Como disse Otto Von Bismarck, os cidadãos não poderiam dormir tranquilos se soubessem como são feitas as salsichas e as leis.

Artigo do editor responsável do Jornal do Comércio, jornalista Jota Parente, veiculado na edição 188

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