Valmir Climaco Foto: JParente |
O
ex-prefeito Valmir Climaco concedeu poucas entrevistas desde que deixou o
Palácio da Liberdade (hoje desativado) em 31 de dezembro de 2013. Optou por
acompanhar os acontecimentos do mandato de sua sucessora, a prefeita Eliene
Nunes como expectador, sem ficar dando palpites pela imprensa, preferindo os
comentários nas rodas políticas, embora, sobretudo no primeiro ano do atual
governo seu nome tenha sido muito lembrado, principalmente pelos vereadores da
situação, na Câmara, para tentar justificar todos os problemas enfrentados pela
administração de Eliene.
Seus
adversários festejaram muito uma informação que deu conta de sua
inelegibilidade, decretada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado), por conta
de um convênio mal resolvido com o governo do Estado. Valmir afirma que foi
tudo devidamente esclarecido, e que nem foi no seu governo, mas, no de Roselito
que o problema se deu. Para discorrer sobre esse e outros assuntos, bem como
para falar dos seus planos políticos para o futuro que está batendo à porta,
ele recebeu a reportagem do Jornal do Comércio em seu escritório. A conversa de
mais de uma hora e meia rendeu a matéria a seguir.
JC - Seus adversários exultam quando
afirmam que o senhor está inelegível. O senhor garante que detém todos os seus
direitos políticos. Como está essa questão?
Valmir – Você sabe que quem passa pelo cargo
de prefeito precisa esperar para que suas contas sejam julgadas. As minhas
contas eu estou acompanhando de perto, no TCM, no TCE e no TCU, e eu tenho
convicção de que serão todas aprovadas. Hoje eu não tenho nenhum tipo de restrição
nesse sentido, que me impeça sair candidato a qualquer cargo eletivo. Eu não
fui julgado, muito menos, condenado em nenhuma instância. Pode ser que no
futuro venha a ter problemas. O que eles (os adversários) falam é sobre um
convênio do governo de Roselito Soares a respeito de uns poços artesianos, cujo
saldo deixou de ser repassado para o governo do Estado.
JC – Com referência ao seu governo, o
senhor está com toda a documentação em dia?
Valmir – Dos convênios que o nosso governo
celebrou, mais de 80% já foram aprovados. Os demais ainda estão para serem
apreciados.
JC – Fala-se nos meios políticos, de
modo particular os que não são do seu lado, que há muitas pendências em
diversos convênios com o governo federal. Isso tem fundamento?
Valmir – Negativo! Eu cumpri 100%. Quando eu
saí do governo, deixei R$ 9 milhões e 700, em dinheiro, mil nas contas da
prefeitura e com a prestação de contas dos convênios que fiz todas feitas. Mas,
é normal que os adversários façam isso, porque não acontece apenas em Itaituba,
mas, em tudo quanto é lugar é assim. Eu nunca gostei de fazer comentários que
não fossem baseados em fatos, nem na minha vida de empresário, nem na política.
JC – Em Itaituba, a campanha começa
muito antes do período eleitoral oficial. Isso não é ruim para todo mundo?
Valmir – Quando eu resolvi disputar a
primeira eleição, em 2004, saí dizendo que seria candidato com muita
antecedência. A campanha de 2016 vai ser a quarta que eu disputarei, e a
maioria do povo de Itaituba sabe disso. Então, eu não tenho porque sair por aí
fazendo reuniões para dizer que serei candidato. Eu acredito que esse negócio
de fazer campanha muito antes é ruim para quem está no governo, pois em vez de
se preocupar apenas em encontrar soluções para os problemas do município,
muitas vezes também tem que antecipar sua campanha.
Tem
pré-candidato fazendo reuniões políticas quase todo dia, mas, eu não pretendo
fazer isso. Vou deixar para o período eleitoral. Sou uma pessoa que não gosta
muito de viajar, tenho minhas coisas todas dentro do município de Itaituba, e
todos os que tem me procurado para conversar tenho recebido, mas, campanha
mesmo, só quando chegar a hora.
JC – Com todos esses anos de estrada
na política, três eleições disputadas, certo de que vai disputar mais uma, o
senhor tem sido procurado por lideranças e por partidos políticos já visando
uma composição para o próximo pleito?
Valmir - Tenho conversado com o deputado
estadual Hilton Aguiar, cuja campanha de reeleição todo mundo sabe que eu
apoiei. Inclusive, na ocasião, eu tratei desse assunto com o próprio líder
maior do PMDB no Estado, o senador Jader Barbalho, que sabe e entende que
política local a gente resolve em nível local. Eu também já conversei com o
ex-prefeito Roselito Soares, bem como com outras lideranças do PMDB, sem tratar
de definições para a campanha eleitoral de 2016.
JC – O senhor foi para as ruas na
campanha eleitoral do ano passado, mostrando a cara e se indispondo dentro do
seu próprio partido, pois muitos não concordavam com o seu apoio ao deputado
Hilton Aguiar. Já durante a campanha, muita gente falava que o pagamento que o
senhor iria receber seria a traição de Hilton. Sabe-se que ele quer ser
prefeito, mas, ele jurou amor eterno e fidelidade ao senhor, afirmando durante
a campanha e após a vitória, que Valmir Climaco seria o candidato dele. Como
está esse imbróglio envolvendo o nome do deputado?
Valmir – Essa questão de palavra no meio
empresarial e no meio político, infelizmente, nem sempre é cumprida. Não posso
julgar os outros. O que procuro é cumprir com a minha palavra. Eu sofri uma
grande pressão do partido (PMDB), tanto em Itaituba, quanto em nível do Estado,
para não apoiar um candidato que não fosse do nosso partido. Mas, eu tinha um
compromisso assumido e eu precisava honrar. E honrei. Cumpri com a minha palavra.
Quanto à palavra do Hilton e de seu
grupo, se ele vai cumprir, ou não, quem tem que responder isso é ele. Até hoje
eu não ouvi nada, diretamente da boca do Hilton, sobre sair candidato. O que
ele tem dito é exatamente o contrário: diz que não vai sair candidato e estará
junto conosco no nosso grupo. E eu espero e acredito que ele vá honrar sua
palavra. Lembro-me do saudoso governador Hélio Gueiros, que falava: não diz que me ama, demonstra! Então eu
digo, não diz que me apoia; diz isso para o povo. Eu sei que o Hilton
amadureceu bastante como político; sei que ele tem um futuro brilhante na
politica de Itaituba, e ele não vai querer sofrer um grande desgaste por conta
de uma decisão equivocada sobre a qual ele terá que dar muitas explicações.
JC – O senhor tem evitado fazer
críticas públicas contra o governo da prefeita Eliene Nunes. É uma estratégia?
Valmir – Eu entendo que fica muito chato
quando se perder uma eleição, ficar resmungando pelos cantos. Nesses dois anos
e meio de governo da Eliene, eu só dei uma entrevista. Tudo que dava errado no
governo, ficavam dizendo que eu era o culpado. Por isso, disse que a partir
daquele momento, se continuassem me batendo, eu iria responder a tudo. Como
houve uma mudança de atitude, eu não teria porque ficar falando do governo toda
hora, procurando a imprensa. Às vezes eu tenho vontade de falar alguma coisa,
mas, me seguro. Eu não gosto da maneira adotada pelo senador Aécio Neves, que
depois de perder a eleição passou a fazer uma oposição raivosa contra a presidente
Dilma Rousseff. Eu prefiro ficar calado e falar na hora certa.
JC – Eliene Nunes, Valmir Climaco,
Ivan D’Almeida e Paulo Gilson. Esses são os quatro nomes postos no tabuleiro
político de Itaituba para a próxima eleição para prefeito. É por aí?
Valmir – É o que se fala. A prefeita Eleine
Nunes, como é de praxe para quem está no cargo, deve concorrer à reeleição; eu
tenho a intenção de ser candidato; o empresário Ivan D’Almeida também está
trabalhando nesse sentido. É um nome novo, que eu ainda não posso dizer se
decola, ou não. Política é grupo. Se você tiver um bom grupo, tem chance de se
lançar bem no cenário político. Temos também o nome de outro empresário, esse
bastante jovem, que é o Paulo Gilson Pontes. Então, são quatro nomes que não
representam nenhum grande fato novo na política de Itaituba. Daqui para o dia
da eleição faltam cerca de dezesseis meses. Principalmente o Ivan já está em
campanha, fazendo reuniões, conversando com partidos, mas, o povo é quem vai
dizer quem prefere, no dia da eleição.
JC – O que é que acontece com o
candidato Valmir Climaco na hora da chegada, pois de acordo com as pesquisas, o
senhor tem estado bem durante quase toda a campanha, mas, na hora H perde?
Valmir – O que tem faltado mesmo é eu mentir
para os eleitores; as promessas mentirosas dos outros candidatos no horário
eleitoral tem feito a diferença. A então candidata em 2012, Eliene Nunes disse
que iria trazer oito especialistas para morar em Itaituba, enquanto no meu
governo a gente conseguia trazer oito médicos especialistas, uma vez por mês.
Disse ela, que quando o filho de alguém sofresse algum acidente, haveria
ortopedista morando em Itaituba, trabalhando na secretaria de saúde. Não trouxe
os oito especialistas que ela prometeu e, nem ela, nem prefeito nenhum vai
conseguir fazer isso, porque a prefeitura não tem recurso para bancar
integralmente um profissional desse nível, que é muito caro. Teremos que
aguardar a inauguração do Hospital Regional do Tapajós para termos médicos
especialistas residindo aqui. Só para citar mais alguns exemplos, ela afirmou
que iria fazer 500 pontes de concreto. Isso é impossível. Dizia que iria
colocar uma câmera de segurança em cada poste das ruas de Itaituba, mas, não
consegue nem mesmo trocar as lâmpadas queimadas, que são mais de 60%.
Eu
prefiro ficar amarelo durante o horário eleitoral por não prometer o que outros
prometem, do que ficar vermelho quando for cobrado pelo eleitor por não ter
cumprido o que prometi. Eu não quero nunca passar pelo que a Eliene está
passando por ter prometido o que não poderia cumprir, pois o povo a chama de
mentirosa, por fazer promessas e não cumprir. Infelizmente, o povo acredita
nessas coisas, e quando se arrepende já é tarde.
JC – É verdade que o senhor recebeu
convite para ir para o PSDB?
Valmir – Há 60 dias eu recebi convite para
me filiar no PSDB. Trata-se de um grande partido. É o partido do governador
Simão Jatene, que tem trabalhado bastante, sobretudo em Itaituba com o Hospital
Regional e esse asfalto que foi feito recentemente. Eu não quis sair do PMDB
para o PSDB, porque eu tenho visto muita gente que tem trocado de partido e se
dar mal politicamente. Tenho uma boa relação com o governador, mas, o PMDB foi
o primeiro partido no qual eu me filiei e não gosto de estar trocando. Tenho
tido algumas divergências que são normais na vida política. Nunca tive nenhuma
restrição da direção em Belém. Essa conversa de que tanto o senador Jader
Barbalho, quanto o ministro Elder Barbalho ficaram zangados porque ele perdeu a
eleição em Itaituba é conversa fiada. Fosse assim, ele teria que ficar com
raiva dele mesmo, porque perdeu a eleição em Ananindeua, município que governou
por duas vezes.
JC – O PMDB está se reforçando de olho
na eleição de 2016?
Valmir – Nós já estamos trabalhando para
montar um bom quadro de candidatos a vereador. Até o começo de outubro deste
ano vai haver uma correria dos partidos atrás de filiações. Depois haverá uma
folga até depois do carnaval de 2016. Estamos terminando uma construção onde
vamos reservar um bom espaço onde funcionará o diretório municipal. Por
enquanto funciona uma comissão provisória, mas, nós queremos que se
transformada em diretório. Na inauguração, pretendemos trazer o senador Jader
Barbalho e o ministro Elder Barbalho para participarem da festa. Queremos fazer
uma grande campanha de filiações para aumentar os quadros do partido em
Itaituba. Fica no loteamento Buriti.
JC – Pessoas ligadas ao seu grupo
político acham que um dos motivos de o senhor ter perdido eleições é ter
confiado demais nas pesquisas. O senhor concorda?
Valmir – Eu não acho que tenha sido por
isso. Ocorre que eu reconheço que sou bastante teimoso. Dou muito trabalho às
pessoas que me acompanham nas minhas campanhas. Não aceito que coloquem
palavras na minha boca, para eu dizer coisas que não posso fazer, para
responder acusações mentirosas com acusações mentirosas. Por exemplo: eu
contratei uma empresa de marketing, de fora, e o marqueteiro queria porque
queria que eu dissesse que, se eu me elegesse, asfaltaria todas as ruas de
Itaituba. Eu falei pra ele que não iria prometer aquilo, porque não teria como
cumpri, e não prometi.
Sou
muito trabalhador, mas, sou muito teimoso. Eu sei que tenho perdido as eleições
nos últimos dias, porque os adversários dizem tudo que o povo quer ouvir; e o
pior é que eles dizem e o povo acredita. Durante o meu governo eu desafiei
alguém apontar um servidor que ganhasse sem trabalhar, porque a gente trabalhou
para moralizar a administração pública e para valorizar o dinheiro do
contribuinte.
No
atual governo é o que mais se vê. Tem gente que não coloca um prego em uma
barra de sabão, mas, ganha mais de R$ 4 mil por mês, como é o caso de um
ex-administrador do aeroporto; tem ex-secretário ganhando salário de secretário
sem fazer nada. Eu tenho uma relação e garanto que não é um, nem são dois; tem
muita gente nessa situação. Garanto que não vou prometer cinco mil empregos,
somente para tentar ganhar a próxima eleição. Não menti nas eleições
anteriores, e não vou começar a mentir na disputa eleitoral de 2016.
Portanto,
no meu entendimento, o principal motivo para eu ter perdido eleições foram as
mentiras contadas pelos meus adversários, como foi o caso de Eliene Nunes, na
eleição de 2012, que mentiu à vontade, e os eleitores acreditaram em suas
mentiras. Hoje, estão todos arrependidos, mas, terão que aguentar por mais um
ano e meio.
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