O Globo - Segundo interlocutores, a Caixa tem que levantar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões para se enquadrar nas
normas de risco do sistema financeiro que entram em vigor a partir de janeiro
de 2018. Elas vão exigir que o banco tenha mais capital próprio
para manter o tamanho da sua carteira de crédito. A da Caixa é maior entre as
instituições financeiras: R$ 715 bilhões.
Do saldo total, R$ 421,4 bilhões são empréstimos
habitacionais, sendo que R$ 221,9 bilhões foram feitos com recursos do FGTS,
com demanda crescente. A Caixa é praticamente o único banco que opera com verba
do Fundo, embora todos possam participar. O banco também é o responsável pelo
pagamento de programas sociais_ como bolsa família, seguro desemprego e abono
salarial (PIS).
A prestação desses serviços acabou tornando a Caixa
uma das principais vítimas das chamadas pedaladas fiscais (atrasos nos repasses
de recursos do Tesouro para bancos públicos), que resultaram no impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff. Por quase dois anos (entre 2013 e 2014), o banco
foi obrigado a pagar os programas sem os devidos repasses da União, ficando no
vermelho. Os pagamentos foram regularizados em dezembro de 2015.
Na gestão de Dilma Rousseff, a Caixa também foi
usada pelo governo para socorrer empresas em dificuldades e oferecer linhas de
crédito para compra de móveis e eletrodomésticos ao beneficiários do Minha Casa
Minha Vida, em condições abaixo de mercado – o Minha Casa Melhor. Um ano e meio
depois do lançamento, a Caixa foi obrigada a suspender a linha devido ao alto
índice de inadimplência.
Em 2009, depois de uma interferência do
ex-presidente Lula, a Caixa ainda comprou parte do banco Pan (Panamericano), do
grupo Silvio Santos, por R$ 739,3 milhões. Menos de um ano depois, o BC
descobriu que a instituição tinha rombo e o investimento acabou dando prejuízo.
No ano passado e ao longo deste ano, a Caixa vem fazendo
ajustes para obter melhores resultados e cortar gastos, como realização de um
plano de demissão voluntária (PDV). Também estão sendo adotadas medidas para
reduzir o risco da carteira de crédito. A expectativa do banco é que o FGTS
aprove um empréstimo de R$ 10 bilhões para reforçar o capital próprio a fim de
que a instituição entre 2018 enquadrada nas novas regras prudenciais do setor
financeiro. A operação precisa ser aprovada pelo BC.
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