quinta-feira, outubro 19, 2017

Situação da Caixa é reflexo de má gestão

O Globo - Segundo interlocutores, a Caixa tem que levantar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões para se enquadrar nas normas de risco do sistema financeiro que entram em vigor a partir de janeiro de 2018. Elas vão exigir que o banco tenha mais capital próprio para manter o tamanho da sua carteira de crédito. A da Caixa é maior entre as instituições financeiras: R$ 715 bilhões.

Do saldo total, R$ 421,4 bilhões são empréstimos habitacionais, sendo que R$ 221,9 bilhões foram feitos com recursos do FGTS, com demanda crescente. A Caixa é praticamente o único banco que opera com verba do Fundo, embora todos possam participar. O banco também é o responsável pelo pagamento de programas sociais_ como bolsa família, seguro desemprego e abono salarial (PIS).

A prestação desses serviços acabou tornando a Caixa uma das principais vítimas das chamadas pedaladas fiscais (atrasos nos repasses de recursos do Tesouro para bancos públicos), que resultaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Por quase dois anos (entre 2013 e 2014), o banco foi obrigado a pagar os programas sem os devidos repasses da União, ficando no vermelho. Os pagamentos foram regularizados em dezembro de 2015.

Na gestão de Dilma Rousseff, a Caixa também foi usada pelo governo para socorrer empresas em dificuldades e oferecer linhas de crédito para compra de móveis e eletrodomésticos ao beneficiários do Minha Casa Minha Vida, em condições abaixo de mercado – o Minha Casa Melhor. Um ano e meio depois do lançamento, a Caixa foi obrigada a suspender a linha devido ao alto índice de inadimplência.

Em 2009, depois de uma interferência do ex-presidente Lula, a Caixa ainda comprou parte do banco Pan (Panamericano), do grupo Silvio Santos, por R$ 739,3 milhões. Menos de um ano depois, o BC descobriu que a instituição tinha rombo e o investimento acabou dando prejuízo.


No ano passado e ao longo deste ano, a Caixa vem fazendo ajustes para obter melhores resultados e cortar gastos, como realização de um plano de demissão voluntária (PDV). Também estão sendo adotadas medidas para reduzir o risco da carteira de crédito. A expectativa do banco é que o FGTS aprove um empréstimo de R$ 10 bilhões para reforçar o capital próprio a fim de que a instituição entre 2018 enquadrada nas novas regras prudenciais do setor financeiro. A operação precisa ser aprovada pelo BC.

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